Hoje, 19 de janeiro,
completou 147 anos de morte de Pierre-Joseph Proudhon (1809 – 1865). Muito se
fala de anarquismo, mas poucos conhecem a obra desse pensador. A importância de
seu pensamento e sua contribuição para o pensamento social e político ainda não
receberam o devido reconhecimento. Ao longo de mais de um século vem sendo
atacado pelo dogmatismo implantado pelos séquitos marxistas. A desvalorização
do seu pensamento foi incrementada, principalmente, após a Revolução de 1917,
na Rússia.
Ele foi o primeiro a se
reivindicar anarquista, mas logo mudou de ideia e passou a se denominar como um
federalista. Assim como mudou sua própria ideia de anarquismo, passando da mera
ausência de senhor, de autoridade para a autogestão.
Foi o primeiro a formular a exploração
capitalista atrás do trabalho assalariado, o que chamou de erro de cálculo, que
mais tarde Marx chamaria de mais-valia (sem citar Proudhon).
Foi combativo contra a
titularização da propriedade, defendo a existe exclusivamente só da posse. As
terras não teriam donos, mas apenas usuários. Sendo essa submetida ao controle social. Desta
forma era contra tanto a propriedade capitalista quanto a propriedade estatal.
Magistralmente anteviu o
risco do autoritarismo no comunismo e foi o seu primeiro crítico. Como também
sinalizou a tendência dogmática do próprio Marx. Rompeu com Marx, de quem
sofreu inúmeras e severas críticas posteriormente. Mesmo tratamento desleal
continuou recebendo dos clérigos marxistas que, posteriormente, formaram-se
pelo mundo inteiro.
Em expressões aparentemente
contraditórias explicitou a necessidade da reflexão de acompanhar as mudanças e
seus níveis de complexidade da realidade. Ao mesmo tempo afirmou que a propriedade
é roubo e que a propriedade é liberdade, que anarquismo é ausência de
autoridade, de um senhor, mas também afirmou que anarquismo é ordem e defendeu o
equilíbrio entre autoridade e liberdade. Tratou esses temas pela ótica de uma
dialética que chamou antinômica, onde não síntese e os elementos em antagonismo,
que movimentam a história, só alcançam equilíbrios imprevistos, mas em
permanente estado de ebulição. Dessa maneira, não aderiu ao fim de história e nem enveredou pela promessa de paraíso.
Propôs o Mutualismo como alternativa
ao capitalismo e ao comunismo. Pautando-se na autogestão e na federação
(descentralização).
Trecho da Carta de Proudhon
ao mandão Marx, em 17 maio de 1946, Lyon – França.
“Em primeiro lugar,
embora minhas idéias quanto à organização e realização do movimento estejam no
momento mais ou menos definidas, pelo menos no que diz respeito aos seus
princípios básicos, creio ser meu dever – como é dever de todos os socialistas
– manter ainda por algum tempo uma atitude crítica e dubitativa. Resumindo: eu
em público professo um anti-dogmatismo quase absoluto.
Procuremos juntos, se assim o desejar, as leis da sociedade, a forma
pela qual essas leis poderão ser executadas, o processo que utilizaremos para
descobri-las. Mas, por Deus, depois que tivermos destruído a priori todos os
dogmatismos, não sonhemos por nossa vez em doutrinar as pessoas; não nos
deixemos cair na contradição de seu compatriota Martin Lutero que, depois de
ter demolido a teologia católica, lançou-se imediatamente à tarefa de criar as
bases de uma teologia protestante, utilizando-se da excomunhão e do anátema.
Nestes últimos três séculos, uma das principais preocupações da Alemanha tem
sido desfazer o mau trabalho de Lutero. Não deixemos pois à humanidade a tarefa
de desfazer uma embrulhada semelhante como resultado de nossos esforços.
Aplaudo, de todo o coração, sua idéia de trazer todas as opiniões à luz.
Iniciemos sim uma boa e leal polêmica; tentemos dar ao mundo um exemplo de
tolerância sábia e perspicaz, mas não nos transformemos, pelo simples fato de
que somos os líderes de um movimento, em líderes de uma nova forma de
intolerância; não posemos de apóstolos de uma nova religião, mesmo que seja a
religião da lógica e da razão.
Vamos reunir e estimular todas as formas de protestos, vamos rechaçar
toda a aristocracia, todo o misticismo; jamais consideremos qualquer tema
esgotado e, quando tivermos lançado mão do nosso último argumento, comecemos
outra vez – se preciso for – a discussão, com eloqüência e ironia. Sob tais
condições eu alegremente unir-me-ei a vós. De outra forma – não!”
Obras importantes de
Proudhon:
- O que é a
Propriedade? Pesquisa sobre o princípio do Direito e do Governo.
- Sistema das
Contradições Econômicas, ou A filosofia da miséria.
- Do princípio Federativo.
- Teoria da
propriedade.
- La guerre et la
paix.
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