Quais habilidades e competências deve ter um indivíduo que exerce a profissão de professor? Procurei diversos manuais e lá encontrei coisas que só são realizáveis por seres de outra natureza, quem sabe deuses. Quem produziu essas regras, essas metas, esses planos de competências e habilidades ou é um grande espertalhão ou é um alienado do tipo que ignora por completo a complexidade da vida social, desconhece as limitações reais da vida e os limites da condição de sujeito histórico.
Esse super-ser que faz tudo e transforma tudo é uma invenção de pedagogos a partir de “filosofias” ideologizadora. Que tenta legitimar a importância do professor através de idealizações de atitudes, capacidades e comportamentos supra-humanos. Isso, na verdade, tem como conseqüência condenar e sobrecarregar o professor de responsabilidades absurdas.
O mundo criado pelo pedagogo, e que só ele “ver”, não existem variáveis, nem condicionantes, nem tensões, nem conflitos, nem limitações, nem campos de poderes, nem restrições, nem falibilidade e nem finitude. Trata-se de uma jaula, que estupidamente tenta responder aos conflitos gerais da sociedade e da história ridicularizando a profissão de professor. Processo nocivo de desumanizar o profissional-professor. Resultado: o profissional-professor ora é tratado como deus e ora como besta.
Porém, o pedagogo e seus manuais não é o todo, nem resume as condições gerais que imola o professo, o pedagogo é apenas um ideólogo especializado cumprindo sua tarefa. A destruição do professor ou a construção do seu ethos de profissional marginal faz parte da contemporânea expressão do mundo, o estágio evolucionário-histórico em que se encontra as diversas sociedades. Isso tem a ver com o lugar do saber, do conhecimento diante das configurações sociais que estão desmontando uma ordem estabelecida. São as pulsões transformadoras retirando do assento as convenções, regularidades e posições já conhecidas e experimentadas.
O conhecimento, a notícia, a informação despencam de suas centralidades, perdem seus espaços convencionais e novas atitudes e novas formas de conhecer proliferam freneticamente.
A atenção, a concentração, o interesse assumem formas que não se harmonizam com esse velho formato de educação, de universidade que ainda se quer praticar. Ficando o professor condenado a ter desempenho na impossibilidade. Isto é, o que se exige do professor não é mais possível, pois a Escola onde isso era possível acontecer já está morta, não cabe mais diante dos desejos, interesses e ambições das gerações atuais. O drama toma forma trágica, porque estamos passando pelo momento entre a constatação da morte e o enterro, ou ainda mais, pela incerteza do que vai ser e suas possibilidades de ser.
Essas novas gerações não cabem todo dia na mesma sala de aula, não podem ser limitadas a uma só atividade por vez, não possuem horários definidos como condição de aprender e emerge uma vocação de conhecer fundida com a dimensão do prazer, do lúdico.
Ser palhaço talvez seja um alento diante do novo que ainda não se configurou e mostrou suas exigências comportamentais de pertencimento.
Mas, enquanto isso, não custa nada pagar melhor esse atormentado profissional na agonia de seu declínio.
É POR ESSAS E OUTRAS QUE EU SOU PROFESSORA E NÃO LECIONO....
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