Reclames e múrmuros contra a CBF surgem de tempos em tempos, mas sem obter o eco necessário. Parece que o silêncio acompanha a CBF. O que leva a crer que sua parceria com os grandes meios de comunicação produz uma invisibilidade e uma blindagem sem precedentes.
A entidade controladora do futebol brasileiro acaba não sendo investigada por nenhum dos grandes da comunicação do país. É uma caixa preta, sem nenhuma transparência e regida por um controle oligárquico.
Essa oligarquia do futebol tem ampla articulação com os poderes políticos em cada estado. Mix de negócios milionários que ficam sem as devidos controles fiscais. Se a Confederação não inspira confiança, as federações estaduais muito menos.
No rastro dessa forma de ser da CBF está também a deterioração de um patrimônio cultural brasileiro: a torcida pela seleção. Forma ímpar e singular de manifestação de nacionalismo. Pois é no período de Copa do Mundo que importantes símbolos nacionais são apaixonadamente movidos pelo povo: bandeira nacional e hino nacional. Não são datas cívicas que estabelecem esse ufanismo, mas uma modalidade esportiva: o futebol.
A mercantilização empresarial da marca da seleção e dos negócios da CBF, principalmente depois de uma “parceria” com a Nike, tirou do corpo dos brasileiros a camisa da seleção. Cada vez mais raro se ver um brasileiro com a camisa da seleção, ao contrário de tempos atrás, quando todos podiam ter uma camisa da seleção. A Nike nos despiu de nosso patrimônio e, em parceria com a CBF, está matando nossa paixão pela seleção.
Em duas lojas de material esportivo e em duas seções de material esportivo de dois magazines e não encontrei a camisa da seleção. No entanto, camisas da Argentina, da Itália, Portugal, Inglaterra e de vários de times estrangeiros lotavam as araras. Já é comum encontrar brasileiros ostentando camisas de seleções estrangeiras, não só vestem as camisas como torcem para essas seleções.
Cadê a camisa da seleção? A camisa da seleção brasileira virou um artigo de luxo, com preço elevadíssimo. O que não permite a maioria dos torcedores realizarem tal compra. Com baixa saída e preço absurdo, o produto acaba ficando não atrativo nem para o torcedor nem para os comerciantes. O que as lojas oferecem são camisas amarelas com um nome Brasil estampado.
No rastro desse esquema está o monopólio das transmissões dos jogos pela Rede Globo, que estabelece horários de jogos que dificultam a ida dos torcedores aos estádios, que impede muitos torcedores de acompanharem os jogos de seus times pela TV.
A TV Globo, canal aberto, definiu que os maranhenses só podem assistir os jogos dos times do estado do Rio de Janeiro. Não se tem opção no canal aberto. Essa é a estratégia para vender pay-per-view utilizado por essa emissora.
Fica mais fácil acompanhar o campeonato italiano, o inglês, o espanhol e até o russo, tudo por conta desse monopólio, dessa falta de concorrência e desse cerceamento do direito de escolha do cidadão. Qual seria o posicionamento da Rede Globo se só uma TV estatal transmitisse o Campeonato Brasileiro (Brasileirão)? Diria, no mínimo, ditadura, stalinismo ou chavismo etc.
Então, em nome da democracia, precisamos quebrar com esse monopólio. Ou, simplesmente, acabar com esse monopólio em nome da defesa da economia popular.
Alguns pontos pedem esclarecimentos de forma urgente: a) A Seleção Brasileira, enquanto um valor patrimonial, é coisa pública ou privada?; b) Mesmo que privada, a Seleção Brasileira é de valor e de interesse públicos?;c) Ou, simplificando, a Seleção Brasileira é patrimônio exclusivo/particular do senhor Ricardo Teixeira?
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