Em palestra proferida na Mackenzie (1968), o governador José Sarney, em tom de denúncia ao seu antecessor, apresentou aos presentes os seguintes números sobre as condições do Maranhão: renda per capita menor que 100 dólares, 50% das crianças em idade escolar fora das escolas, mortalidade infantil 212/1000, setor industrial apenas 8% do PIB.
O que aconteceu depois? O Maranhão foi ficando cada vez mais em descompasso com o ritmo de crescimento e desenvolvimento experimentados pelos demais estados da federação, apresentando um montante de miséria e déficit crescente nos serviços básicos e infra-estrutura. Por quê? Porque o grupo foi paulatinamente se esgotando em termos propositivos, cada vez mais distante e sem sensibilidade para as demandas populares, profundo alinhamento da coisa pública aos seus interesses privados, a profunda garantia da intocabilidade e o controle dos principais meios difusores e produtores de informações.
Passados 40 anos após a chegada de José Sarney ao controle político do Maranhão (1965), é indiscutível a vitalidade que ainda tem essa teia mandonista. No entanto, se por um lado há um eficiente desempenho de mando; por outro, é lamentável que os índices, denunciados pelo jovem governador de apenas 35 anos de idade no auditório da Universidade Mackenzie (SP), não foram alterados para patamares mais aceitáveis. Pois após seu governo (1966-1969) o Executivo quase em sua totalidade esteve ocupado por um político indicado e/ou apoiado pelos Sarney. Depois de 1965 apenas os governos de Pedro Neiva (porque rompeu logo após sua indicação) e de Nunes Freire (indicação ainda sob a influência de Vitorino) não podem ser associados ao mando sarneísta.
O senador Sarney, quando foi eleito governador do Maranhão, em 1965, autodenominou-se como o instaurador da luzes e da modernidade no Maranhão (firmou a marca do atraso e das trevas no seu antecessor). Mas isso era só o início da modelação de sua biografia. Os esforços foram se multiplicando continuamente com a finalidade de colecionar títulos, comendas, homenagens. Tudo sistematicamente trabalhado para produzir registros de enaltecimento e notoriedade. Durante o período que foi Presidente da República, o senhor Sarney distribui diversos títulos de Comendador, o que mostra sua obsessão estabelecer uma situação nobiliárquica.
Será que descender de retirantes nordestinos (avós) lhe é um peso? Não seria um motivo de orgulho? O certo é que sua árvore genealógica não remete a nenhuma das cassas da nobreza portuguesa. Mas isso já pode ser sanado, bastando participar de um dos leilões da Struttamp & Paker, empresa especializada em propriedades rurais e títulos nobiliárquicos. Para ter um título basta a bagatela de 50 mil libras, para entrar no leilão e depois a sorte. Com isso um título de barão ou lord inglês, ou irlandês, ou escocês pode ser adquirido. Lord Mord é um título que existente há mais de mil anos.
Enfim, ainda existe tempo para resolver esse grilo de título.
Dentre todas essas placas já distribuídas por ruas, nomes de escola etc, etc... pelo Maranhão a dentro, a homenagem baiana tem maior significado, é desinteressada e não foi feita por nenhum aliado em busca de promoção dentro do clã. É manifestação espontânea...
Há 13 anos atrás, senhor José Carlos e dona Rita resolveram abrir uma loja de equipamentos eletrônicos, veio a hora de colocar o nome e senhor Zé resolveu colocar o seu apelido como nome da loja: Sarney. Por que Sarney? Todo mundo da turma de bar de senhor Zé tinha que ter um apelido. Só valia ser apelidado com nome de político. Nessa época, segundo senhor Zé, “eu era metido a moderno e usava bigode, a turma me apelidou de Sarney.Quando abrir coloquei o nome de Sarney, porque era conhecido com esse nome”. Segundo dona Rita o nome deu sorte para ela. Isso é verdadeiramente homenagem popular desde o início. Mas aquela placa colocada na ponte... que todos chamam de Ponte do São Francisco...
A loja Sarney está na rua 03 de maio, no centro histórico de Salvador. Quem sabe, em breve, vire um centro de peregrinação...
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