Na obra “Persistência da Memória”, de Salvador Dalí, os relógios aparecem como se estivessem em derretimento. Dotados de tal elasticidade vão assumindo formas diversas, ajustadas às superfícies das estruturas sobre as quais estão pousados. Aderem mansamente aos cantos e curvas do meio.
Se Salvador Dalí teve tal idéia pensando sobre a estrutura do queijo Camembert, para representar a irrelevância do tempo, Florestan Fernandes (em A Revolução Burguesa no Brasil, 1974), por sua vez, concebeu tal cena refletindo como no Brasil as antigas estruturas de poder se flexionam visando a perpetuação no controle e no mando político, tornando quase irrelevante a passagem modernizadora do tempo.
Os fósseis do mandonismo e do atraso estão aí mesmo para provar.
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