ilustração: francisco araujo |
O êxito da operação militar no Complexo do Alemão tem um fator importante: a colaboração da população. Pela primeira vez as pessoas colaboraram. Por que isso não ocorria antes? Porque as operações eram marcadas por violência e sem respeito às garantias individuais e coletivas. A população era duplamente agredida. Havia excesso e a população era oprimida tanto pelas tropas da bandidagem quanto pelas tropas da polícia. Além disso, as operações não traziam nenhuma promessa de paz e proteção continuadas, de melhores condições de vida e garantias à população que compõe o complexo.
A participação das Forças Armadas foi crucial para gerar confiabilidade na população e fazer os bandidos se sentirem mais acuados. Atirar contra as Forças que representam a segurança nacional tem um peso psicológico e simbólico grende. Vai brigar com o Brasil... ? Equação difícil para aquela molecada armada e enrolada com a criminalidade.
Outra questão não quer ser esquecida. Por que isso não foi feita antes? As classes médias consumidoras de drogas ilícitas glamourizavam a bandidagem, minimizavam a questão e patrulhavam as opiniões contrárias. Não só demonizavam a polícia e enalteciam o papel social dos bandidos: como “promotores de benefícios sociais”, como também ocultavam a triste condição de reféns em que viviam os moradores.
As demais frações das classes médias ficavam alienadas no interior dos “seus mundos distantes” ou eram enganadas na sua boa fé. Essas últimas, em grande medida, passaram a acreditar que tinham que aceitar a barbárie dos bandidos, porque eles eram frutos de uma injustiça social, vítimas da omissão do Estado. Numa prática de autopunição silenciosa.
As primeiras, isoladas nos seus condomínios fortificados, shoppings de luxo, no calor do consumo de bens caros e presas à fé da ascensão social por puro mérito individual e individualizadas, não quer ver a favela e os favelados que se entendam.
Em todas essas frações das clásses médias existem pessoas que sustentam o tráfico enquanto consumidores vorazes, mas que não se sentem responsáveis e ainda gozam de um privilégiodo no aparato legal, que os exclui de qualquer punição.
As demais frações das classes médias ficavam alienadas no interior dos “seus mundos distantes” ou eram enganadas na sua boa fé. Essas últimas, em grande medida, passaram a acreditar que tinham que aceitar a barbárie dos bandidos, porque eles eram frutos de uma injustiça social, vítimas da omissão do Estado. Numa prática de autopunição silenciosa.
As primeiras, isoladas nos seus condomínios fortificados, shoppings de luxo, no calor do consumo de bens caros e presas à fé da ascensão social por puro mérito individual e individualizadas, não quer ver a favela e os favelados que se entendam.
Em todas essas frações das clásses médias existem pessoas que sustentam o tráfico enquanto consumidores vorazes, mas que não se sentem responsáveis e ainda gozam de um privilégiodo no aparato legal, que os exclui de qualquer punição.
Em foco. Foi preciso a violência dos criminosos descer os morros em bloco e desfilar intensivamente pela cidade para que o Estado procurasse dar uma resposta mais confiável.
Na verdade, a iniciativa foi dos bandidos, sem a ação agressiva e expansionista deles, talvez tudo ainda estivesse como dantes. Foi preciso colocar em xeque a imagem do Brasil internacionalmente para que aquelas populações-vítimas pudessem ganhar visibilidade social e reconhecimento das suas necessidades de cidadania.
O Estado acordou, mas não por ter visto o direito dos pobres em frangalhos, foi para não por em risco os direitos dos setores sociais médios e ricos, a menor porção da sociedade que goza de cidadania.
O Estado acordou, mas não por ter visto o direito dos pobres em frangalhos, foi para não por em risco os direitos dos setores sociais médios e ricos, a menor porção da sociedade que goza de cidadania.
Agora as classes médias não acreditam no que estão vendo nas suas TVs digitais e, admiradas, descobrem que os traficantes são filhos de alguma mãe, que essas mães também choram, que são jovens e crianças armadas etc. A mãe entregou o filho quando sentiu a força sendo empregada de forma moderada, respeitando a lei, sem flagelos e humilhações desnecessárias. Nítida demonstração de quem viva sobre o terror de todos e de tudo.
A questão aberta é: o Estado fortaleceu sua legitimidade através da adesão em massa dos cidadãos, mas sua omissão de décadas ficou totalmente exposta. Moral: o apoio á ação de força do Estado é, em síntese, um aprofundamento da exigência sobre o papel de governo do Estado. Os governos estão obrigados a oferecer condições de cidadania a essas populações, sob pena de tornar perigosamente crônica a descredibilidade na sua capacidade regulatória, promotora e defensora dos direitos civis, políticos e sociais. Enganar essa esperança é enterrar a política e entregar a vida aos impulsos da barbárie.
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