Os ouvidos que os discursos do PT não encontram mais.
Eu trabalho com duas hipóteses sobre a situação do PT:
1- a irresponsabilidade do PT com a democracia - é consequência do seu projeto de poder (não só alimentando o autoritarismo de outra coloração através da manutenção de um enfrentamento com o mesmo tom de agressividade e intolerância, aflorando sua própria visão antidemocrática).
O ato concreto: o discurso de tomada de poder, constituinte e controle do judiciário;
2 - a irresponsabilidade diante da Política - com a explorações emotivas e irracionais, e submetendo o discurso político aos apelos religiosos. Reforçando o culto ao grande líder, mártir materializado pela cadeia, sobrevalorização do saber do líder. Assim, as eleições para a Presidência foram transformadas em um plebiscito no estilo Jesus diante da multidão. Uma vaidade delirante e um egocentrismo terrorista.
O ato concreto: o próprio Lula quer uma absolvição popular, para tal coloca seu prestígio à prova. Soma-se a isso o fato de José Dirceu sair viajando pelo Brasil fazendo o lançamento de seu livro, em todos os eventos ele ficou pousando como uma autoridade acima do bem e do mal.
O PT deixou de enxergar a Política como mecanismo do bem comum, do interesse geral, fez uma inversão, só fala dos seus próprios interesses e exigindo adesão de todos sem ressalvas e contestações. O PT não consegue mais perceber que não é mais vanguarda e as aspirações da sociedade mudaram. O PT não percebe que perdeu credibilidade e tudo que parte dele é posto sob desconfiança, ninguém ouve mais o que o PT diz.
Desde o impeachment venho dizendo o seguinte: o PT está apostando no pior, ele quer se redimir pelo caos (está aguardando um golpe ou algo assim para uma ressurreição sem manchas).