domingo, agosto 28, 2011

OPOSIÇÃO PERFEITA E A INÉRCIA


Não foi possível identificar o autor da ilutração
"Era um abutre que me dava grandes bicadas nos pés. Tinha já dilacerado sapatos e meias e penetrava-me a carne. De vez em quando, inquieto, esvoaçava à minha volta e depois regressava à faina.

"O abutre escutara tranquilamente a conversa, fitando-nos alternadamente. Vi então que ele percebera tudo. Elevou-se com um bater de asas e depois, empinando-se para tomar impulso, como um lançador de dardo, enfiou-me o bico até ao mais profundo do meu ser. Ao cair senti, com que alívio, que o abutre se engolfava impiedosamente nos abismos infinitos do meu sangue." (Texto atribuído a Kafka)


Muitos não se dão conta que o perfeito é imóvel: na perfeição não cabe retoque. Assim se põe grande parte da oposição ao mandonismo sarneísta no Maranhão. Nesse mundo divinal da perfeição acaba faltando espaço para se FAZER política: atividade sempre inconclusa e sempre aquém das formulações ideais.

A Política vem, desde a Antiguidade, revelando-se uma das melhores maneiras de responder ao constante fluxo da proliferação das necessidades imperativas da própria vida e da vida social. 
O fazer partidário não esgota o fazer político. Isso piora quando o fazer-partidário da política fica alienado da própria Política e perde as conexões reais para efetivação das mediações de interesses e necessidades. Partido não pode perder de vista os níveis de interesses e apoios para além do seu círculo e tampouco pode se fazer partido legitimado sem que sua formulação particular se apresente em nome do interesse geral e assim seja reconhecido.

O que acontece atualmente. Essa mesma parte da oposição sonha com o falecimento físico do seu principal algoz como a chance de ascender ao controle do poder político. Sonho um tanto quanto declaratório de incompetência que, traduzido, significa: “não consigo te vencer e só alcançarei o poder se você não mais existir”. Pura ingenuidade. Como alguém pode gozar do poder fora de uma relação social? Como esse poder será exercido sem uma outra parte? Isto é, vão "exercer o poder" só quando ninguém mais existir e na total inexistência de forças discordantes. Imaginam equivocadamente.  

O sarneísmo é uma teia extensa e sustentada por conexões profundas com os diversos órgãos/agentes estatais em todos os níveis do poder e da administração pública estatal, empresarial, religiosa etc. Envolvendo entidades classistas e diversas organizações da sociedade civil. 

Nada indica que ocorrerá um sumiço instantâneo do sarneísmo com a morte física do principal ícone desse mandonismo: Sarney.  

Os mandões não estão inertes e tampouco pararam de pensar no amanhã, muito pelo contrário, esse cenário sem o senador Sarney já está sendo trabalhado, pensado em termos de sobrevivência da teia. São muitos os interesses e muitos os interessados. Isto é, tem muita gente que tem o que perder e que não vai ficar parada esperando a “morte” política chegar, tal qual sonha a oposição perfeita.

O que essa oposição quer e para quê? A experiência Jackson no governo do estado deixou o exemplo de que não basta querer, nem só ser contra para mudar a política do Maranhão e livrar o estado desse mandonismo. A superação  do sarneísmo exige muitos outros esforços.

Quais serão os novos gestores em um governo não-sarneísta? Serão novos em quê? O que a novidade tem de novo? Ou será o novo mais do mesmo?

Enquanto a teia já projetou e está articulando sua sobrevivência para os próximos 20 anos, a oposição (perfeita) está quase inerte, só sonhando com a chegada da sorte. As "articulações", até agora, são extremamente marcadas pelo personalismo e por surtos histéricos de vaidades. A situação é tão absurda que derrotados eleitorais ficam disputando, entre si, o título de melhor derrota.

No ambiente da perfeição ninguém sede, porque todos são perfeitos.

O que ocorre de real? Uns vão fazendo individualmente seus acordos dissimulados em prol do seu próprio umbigo e nada mais que isso. É uma pena, mas até agora não tem passado desse patamar. 

Se existisse a capacidade de perceber a imperfeição, a inércia não teria tanto assento e movimentos reais já estariam acontecendo rumo à tomada do poder. O contexto sinaliza que ninguém fará essa tomada de poder sozinho. 

Se não for através de uma unidade mínima a oposição ao sarneísmo não vai realizar a sonhada tomada do poder. Fora isso, resta capitular e estabelecer uma transição conciliada, operando como o príncipe da oxigenação da persistência do atraso, ou ser a vanguarda do atraso e, nesse caso, o novo já vai nascer velho. 

segunda-feira, agosto 22, 2011

MARANHÃO RICO É O ÚLTIMO EM ARRECADAÇÃO POR HABITANTE

Foto: autor que não foi possível identificar



No ranking da arrecadação per capita, os 14 estados nas piores colocações são todos do Norte e do Nordeste*. O Maranhão é pior entre os piores. Isso deixa claro que a dependência do estado em relação à União é grande. 

Contrariando os dados, as propagandas do governo estadual mostram um Maranhão de grandes empreendimentos e que o sinal está verde para o crescimento. Se o Maranhão rico existe, por que isso não se reflete na arrecadação? Que tipo de crescimento é esse que não se reflete no tesouro? Não é crescimento econômico?

Primeiramente, é necessário dizer, no Maranhão não existe livre iniciativa, porque ninguém pode ter iniciativa livre. Por que grandes empresas não chegam aqui facilmente? Porque ninguém entra ou se instala aqui sem a permissão dos donos do feudo.

Os empresários da livre iniciativa, do capital produtivo não aceitam trocar concorrência e competência por pagamento de ágio e formar sociedade em “troca de favores”. Com essa permanente barreira, tudo fica sob as mesmas mãos e sob os mesmos artifícios. Monopolizam os poucos negócios existentes e pilham o Estado.

Daí é que emerge o brilhante paradoxo da ilha: mercado fraco (mais de 70% da população com baixo poder de consumo) e, por outro lado, hiper redes de empresas locais. De um lado está os baixíssimos salários predominando na população e, do outro lado, uma camada de mega afortunados extravagantes.

Como não é um capital produtivo, não são investimentos com riscos, não estão sob concorrência real, mas apenas transferindo o erário (público) para as contas particulares, não existe motivos para declarar, ou melhor, para arrecadar. Sendo o monopólio empresarial fruto de um monopólio do Estado por qual motivos iriam também pagar os impostos devidos?

Não é à toa que em São Luís apresentou a maior alta de preço no mercado imobiliário e, segundo os representantes do setor, “Em se fazendo tudo dá”. Paráfrase até mosdesta já que Pero Vaz de Caminha grafou: “Querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”.

sexta-feira, agosto 19, 2011

UMA CANÇÃO DE AMOR PARA LADY DILMA


Durante todo período eleitoral postei no Twitter alertando para a tal maioria da base de apoio do que seria o governo Dilma.


Questionava se quem tem esse tipo maioria deve se sentir confortável ou preocupado.

A questão era, resumidamente, Dilma ia ficar massivamente apoiada ou ficar na condição de refém dessa base.

Ainda no período pré-eleitoral, Ciro Gomes diagnosticou, sem rodeios, o PMDB e seus líderes. Apesar do esforço para acalmar os ânimos na base aliada, Ciro não retirou suas palavras.

Dilma Presidente com um vice do PMDB formou o cenário perfeito para as ambições de todo o eixo fisiológico, mandonista e oligárquico que controla o Congresso Nacional. Todas essas facções viram nessa combinação a chance maximizarem a realização dos seus instintos primitivos, desejos e ganhos junto ao poder público. 

Por quê? Porque apostaram na estrema dependência dela aos partidos, já que não goza do carisma e popularidade do seu antecessor e principal mentor de sua candidatura: Lula. Mexer com Dilma não tem o mesmo perigo de reação popular. Além de apostarem na rejeição dela no seio de diversas classes médias.

Essa aposta tem início na própria formatação da candidatura Dilma quando foi anunciada como “Continuação do governo Lula, mas com avanços!”. A candidatura nascia sob a sombra da popularidade do presidente Lula.

A popularidade de Lula ficou tão alta que deixou a oposição vacilante, sem força de confronto, sem proposta concreta de novas políticas e estilo de governo diferenciado. Ficou difícil confrontar Lula, pois ele habilmente resumia tudo como se fosse uma ameaça ao patrimônio nacional e às políticas sociais voltadas para os pobres, a exemplo da Bolsa Família. Nada de diferente parecia confiável aos pobres.

O campo onde o Governo Dilma passou a existir foi composto pelos seguintes componentes: oposição vacilante, sem projeto consistente para apresentar ao povo, de um lado, e, do outro lado, uma ampla base governista fisiológica.

A fraqueza numérica/qualitativa da oposição e a dependência de um aglomerado de partidos (incluso aí o consórcio PMDB) tornam o governo Dilma vulnerável aos impulsos conspiratórios da corrupção e do autoritarismo. O ponto que favorece o Governo é a inflação ainda baixa e a economia em situação boa.

Hoje assistimos denúncias que não surgiram sob a força ampla e organizada de um movimento democrático por transparência e moralidade em torno da coisa pública. Não, não. Muito pelo contrário, cada vez mais essa forma de denúncia fica configurada como uma apropriação do mote da transparência pelos chefes da corrupção para efetivarem suas chantagens e ampliarem seus espaços na máquina estatal. Isto é, são forças operando em prol de interesses particulares e escusos, querendo acuar a Presidente, pondo-a na condição refém.

Cabe também observar que não há nenhum projeto ou proposta da oposição de reforma administrativa ampla e focada no combate sistemático à corrupção. É preciso cobrar da oposição a condição de responsabilidade que a democracia lhe confere.

Por outro lado, apesar das manifestações de repúdio da opinião pública contra os casos de corrupção, principalmente através das redes sociais, jornais e revistas, até o momento essa indignação não tomou as ruas. Ainda não assumiu a forma de movimento de massa. É preciso que essa pressão popular seja concretizada e a Presidente se coloque em sintonia com esse reclame dos cidadãos. Não deixar que a coloque como inimiga da moralidade. É preciso se antecipar. Ser sensível ao chamado do povo.  

Então, cabe perguntar, quem são os provocadores dessas denúncias e qual o objetivo (?).
Desde o caso Palocci os acontecimentos trazem indícios que as denúncias surgem de dentro do próprio governo, ou melhor, de dentro dessa ampla “base governista” e até mesmo de eminencias pardas do PT. Não queremos inocentar Palocci, mas destacar os interesses outros que estão por traz dessas denúncias e que, tudo parece, não são, em nada, comprometidos com a defesa da coisa pública.  

Quem está querendo se servir dela: 1- os corruptos, que querem ampliar seu mando com base na desestabilização do governo Dilma; 2- o autoritarismo golpista. O que está em ação é uma aliança corrupto-autoritária.

A desestabilização do governo Dilma, não é uma mera desestabilização do governo petista, isso é ver pequeno. Isso tem implicações maiores, que recai não só sobre a participação feminina na política, mas também sobre a continuidade da estabilidade democrática.

Basta a ver a saída arrogante do ex-Ministro da Defesa e as questões levantadas em torno do seu sucessor, Celso Amorim. A quem serve provocar uma tensão entre o governo e as Forças Armadas difundindo fofocas e intrigas? Ou dizendo de outra maneira, quem quer assumir o controle do Governo?

Não precisamos de golpe, necessitamos é de um amplo combate à corrupção, que atinja todas as esferas do Estado e da Administração Pública. O povo precisa ver mudanças na legislação que sejam capazes de acabar com a impunidade, que as penas sejam mais duras e os processos mais céleres nesse tipo de crime. 

A oposição de base democrática e republicana é pequena e para piorar a outra parte é equivocada sobre o próprio Liberalismo. Essa inconsistência na oposição torna a situação favorável aos corruptos inimigos da República e da Democracia. Grande parte da oposição, por falta de projetos, acaba sendo usada em prol desses interesses obscuros. Cabe a oposição, responsavelmente, não só exigir a apuração das irregularidades, mas ir mais longe: ser propositiva e apresentar uma proposta concreta de combate à corrupção.

Cabe à Presidente Dilma entender que oposição, em regimes democráticos, não é uma concessão, mas um direito e estabelecer um diálogo direto com a mesma. Fazendo com que a oposição assuma seu papel de defensora da institucionalidade democrática.

É preciso um choque de Política no Governo Dilma. O diálogo e o compromisso com diversos setores em defesa da coisa pública e democracia não são rendição, nem humilhação é defender o Brasil dos seus inimigos. A Presidente não pode se preocupar apenas com apoios específicos, mas também com o apoio difuso. Ela tem chamar para si a responsabilidade do compromisso público de combate à corrupção.

Já fica claro que submeter o Governo inteiramente a uma lógica de manutenção do poder estritamente na ótica do partido pode inviabilizar o Governo e, consequentemente, o próprio desejo do partido.

A corrupção tem várias raízes, vários troncos, galhos e folhas (em uma botânica política), mas as que mais diretamente recaem sobre o Governo e à Administração Pública são as que estão vinculadas ao sistema eleitoral/partidário hoje existente. Todo o sistema político/eleitoral é fomentador dessa corrupção, que desde o período pré-eleitoral compromete os recursos públicos com a “lógica das campanhas”.

Vícios que se perpetuam através das coligações, dos doadores de campanha, da falta de um teto para os gastos de campanha, a falta de metas no funcionamento dos partidos, calendário eleitoral. Reforma política ampla e profunda é condição de sobrevivência e moralidade para todos os futuros governos ou a corrupção vai se institucionalizar no país.

A corrupção não é uma exclusividade desse Governo, pois em outros Governos esses mesmos partidos e essas mesmas lideranças estavam também presentes. Desde a redemocratização as denúncias de corrupção ocupam a cena política. Cabe a esse Governo responder aos problemas, contribuir com moralidade e o fortalecimento da democracia no país.  Pois os inimigos da democracia tendem a associar a corrupção à vida democrática, visando por em prática seus anseios autoritários.

Os mesmos que estão fomentando dissimuladamente essa situação aparecerão depois como os mais fiéis aliados, mas como uma fatura muito mais alta para ser compensada. Esse roteiro já é conhecido.

A Presidenta necessita estabelecer diálogo direto com a oposição, emagrecer (enxugar) essa “ampla base de sustentação partidária”, pois o custo da manutenção dessa maioria está ficando muito mais alto que o custo de uma oposição mais densa. Além disso, a Presidente deve assumir diante do povo o compromisso de combater a corrupção. 

Gestos concretos precisam ser feitos no sentido de melhor aparelhar a Polícia Federal e retirar empecilhos para que ela atue e cumpra seu papel legal eficazmente em todos os estados da Federação a começar pelos os estados das lideranças da base aliada.

A tese de que o nosso presidencialismo força o chefe do Executivo a formar uma mega-aliança para o país ter governabilidade é uma ideologia autoritária que, antes de tudo, concebe o espaço político sem o contraditório e a pluralidade.

A ingovernabilidade ganha forma concreta quando o governo é ruim, é impopular e incapaz de formar consensos. Não é por existir oposição. Em democracia oposição é parte oficializada e regulada do sistema, acaba sendo útil ao Governo.

Está na hora do Governo Dilma começar a ser um Governo com algo mais que ser a continuação do Governo passado. Esse parece ser o caminho para construção de uma verdadeira base ampla de sustentação.

terça-feira, agosto 16, 2011

DEPOIS DO CIDADÃO INCOMUM É A VEZ DO BANDIDO ESPECIAL

Ilustração: Francisco Araujo

Em 1993, Luiz Inácio, o Lula, quando diagnosticou o Congresso como composto por 300 PICARETAS inspirou a Banda Paralamas do Sucesso a produzir “Luís Inácio (300 picaretas)”, uma das faixas do álbum Vamo Batê Lata, lançado em 1994. Foi bom para banda que conseguiu vender perto de um milhão de cópias.  Era a época em que a palavra ética iniciava qualquer texto do PT e o Lula era do PT.

Recordando a banda Paralamas:

“É lobby, é conchavo, é propina e jeton
Variações do mesmo tema sem sair do tom
Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei
Uma cidade que fabrica sua própria lei
Aonde se vive mais ou menos como na Disneylândia
[...]
“Parabéns, coronéis, vocês venceram outra vez
O congresso continua a serviço de vocês
Papai, quando eu crescer, eu quero ser anão
Pra roubar, renunciar, voltar na próxima eleição
[...]
De exemplo em exemplo aprendemos a lição
Ladrão que ajuda ladrão ainda recebe concessão
De rádio FM e de televisão”

Depois disso o PT seguiu crescendo, crescendo e o Lula crescendo, crescendo muito mais, ao ponto de se tornar uma entidade distinta do partido. Convenceu e foi convencido de possuir uma sabedoria superior. No ápice desse enaltecimento a filósofa Marilena Chaui afirmou, em um transe filosófico, que “Quando Lula fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece”.  

Durante a crise do Senado, desencadeada pelos atos secretos, momento em que o senador Sarney foi massivamente criticado, recebendo até um cartão vermelho do senador Eduardo Suplicy, Lula falou e tudo se esclareceu: (Sarney) “Não seja tratado como uma pessoa comum”. O senador Sarney foi transformado em cidadão incomum. A crise passou e o senador foi reeleito presidente do Senado.

Agora, mais experiente e com o currículo de 08 anos de Presidência, Lula iluminou o mundo quando criticou a ação da Polícia Federal na Operação Voucher: “Não é aceitável que uma pessoa que tem endereço fixo, RG e CPF seja presa como se fosse um bandido qualquer.”

Fica estabelecido que endereço fixo, RG e CPF é condição de imunidade. Quem pratica a pilhagem da coisa pública etc. é inimputável. Deve ser considerado Preso Incomum, ou bandido especial.

O que dizer agora dos sem-teto, nômades e dos que trabalham e vivem sem a pilhagem do Estado...? São os comuns dos comuns?; os eternos sentenciados da terra?

Para ser incomum não é necessário ter em comum as propriedades do que é o incomum?

sábado, agosto 13, 2011

O QUE ESTÁ EM CRISE?

Manifestante em Londres cobre o rosto com bandeira do Brasil


“No curso dos tempos modernos, de vez em quando a História revela-se inexorável e errática, assustadora e fascinante. Tudo o que parecia estabelecido, quieto em sua calma, mesmo alheio e distante, de repente pode revelar-se instável, abalado, fora do lugar, estranho. A despeito de que tudo continue aonde estava, quieto em sua calma, de repente já não é mais o mesmo, Modifica-se a sua expressão, significado ou entonação”. (Octavio Ianni)

A economia mundo, fruto da intensificação das relações transcontinentais sob o impulso do capital financeiro, tem escapado do potencial da previsibilidade da Economia moderna. Pode-se dizer que essa configuração mundial da economia é uma nova espécie de rácio, tipo errático, de intensa fluidez e velocidade. Intensa em consequências e simultaneidade, essa configuração insurgente tem corroído o centro monopolizador e privilegiado da acumulação do capital.

Quem está verdadeiramente em crise são os antigos privilegiados da acumulação capitalista, cujo início do privilégiado lugar-conforto data do início da modernidade, da cultura racional e da exploração expansiva. Essa centralidade, ponto privilegiado que alguns país estão ocupando durante séculos agora tem sua ruina  esboçada.

Diferentemente do período econômico impulsionado pelo capital industrial, o domínio do capital financeiro tem uma enorme capacidade de transitar, flutuar, se associar e se multiplicar artificialmente, através de fluxos, na maiorias das vezes, produzidos sem correspondente econômico materializado pelo trabalho direto, sem uma riqueza material equivalente. Valores são reproduzidos e acrescidos por convulsões emocionais compulsivas, provocada por um vício especulativo.

Os mercados passaram a ser arrastados por preços e valores que surgem de forma imediata e alcançam cifras imensas. Ações de nomes e siglas de empresas virtuais, cujo capital é só a marca, a ideia, recebem cotações altíssimas. Empresas sem patrimônio físico, bens materiais etc. valem mais do que empresas que acumularam imenso patrimônio material. Qual critério coloca essas ficções com uma avaliação gigantesca? Quais os mecanismos reais desse mercado financeiro?

O capital financeiro e as bolsas criaram um dinheiro permissivo, desnacionalizado e sem objetivos tangíveis. O mercado passa a ser permanentemente flutuante, porque não totalmente tangível em termos racionais. Retrai-se a Matemática e aprofunda-se a Psicologia: “mercado nervoso”, “surto de desconfiança”, “crise de credibilidade” etc.

O seu campo permissivo é o que mais contribui para se tornar intangível do ponto de vista ratio racional. Pois esse capital possibilita absorção e pulverização dos montantes de riquezas produzidas, conquistadas através de práticas criminosas: corrupção, tráfico de drogas, contrabandos, vários tipos de enriquecimentos ilícitos. São trilhões e trilhões que se deslocam especulativamente para dissimular sua origem. Isso provoca uma pressão sobre a contabilidade tradicional e sua base material de riqueza.

Essa riqueza ilícita e as ações especulativas não precisam de centro, de núcleos duros, mas de redes, canais de movimentação simultânea. Desta maneira, a crise é efetivamente ruidosa para os que tradicionalmente vinham ganhando no mundo moderno do capitalismo. O que é crise nos países ricos sempre foi gerido e digerido para o que até então era a mera periferia do capitalismo.

Países que formavam a massa da periferia vão se transformando em núcleos da teia da interdependência, cuja sustentação está na distribuição coletiva do peso, sob o risco de desmoronamento geral. Os novos núcleos formam tipos de alteridades. Os outros-econômicos originados na periferia do que era a periferia, sobreviveu à precariedade montante, consequente da acumulação centralizada, do velho centro massivo concentrador.

As reformas e medidas do velho centro em prol dos “excluídos” - “inclusão” impossível pela corrosão mesma do que significa o espaço de inclusão - tem sido medidas em benefício da manutenção e sustentação  de seu domínio (em crise).  Os “excluídos” estão dentro e são parte, mas cada vez mais afirmando-se como o diferente que escapa ao controle da hegemonia que desmorona.

A crise é dos velhos países ricos que cada vez mais veem seus mercados esgotados, maior parcela de sua população endividada e sem os recursos naturais necessários. Como o capital só respeita ao capital, a busca pelo lucro ganha mobilidade cada vez mais intensa e deixa o constante imprevisível.

A revolta de Londres não é uma mera baderna juvenil, mas sintoma da percepção da dissolução de um horizonte, cujo fardo cairá fatalmente sobre esses jovens no futuro. A baderna é do fluxo imprevisível, da lucratividade  especulativa, diante da condição-mundo de escassez, ethos consumista e  limitação ecológica.  

Começa a tomar forma que os múltiplos núcleos podem ver-se com centros de si mesmos em uma teia que se edifica sem um centro. 

quarta-feira, agosto 10, 2011

CIBERETIQUETA (NETIQUETA) E HORROR DO TOTALITARISMO

Frames retirados do filme Blade Runner
Tempos em tempos aparecem uns especialistas do oportunismo que, apregoando um novo saber, hipnotizam legiões de pessoas ávidas por soluções, salvações, novidades etc. 

Com o ciberespaço, mundo virtual da internet, não foi diferente. Hoje há uma multiplicação acelerada de especialistas sobre “coisas” da Internet, do espaço virtual. 

O certo é que bem pouco dessa enxurrada de “novas especializações” do “conhecimento” pode ser classificado de trabalho sério, cujo produto seja fruto de estudos e investigações minimamente sistematizadas.

Por outro lado, os achistas, os inventores do já inventado etc. ganham espaço a cada dia e barganham multidões de seguidores. Como todo espaço edificado a partir da intervenção de múltiplas ações de indivíduos socializados e permeado por intersubjetividades está sujeito a manipulações (ações intencionais, conscientemente visando determinado fim) diversas. 

A mais recente jogada relacionada ao espaço virtual é a etiqueta na internet. Surgiu um monte de especialistas com um museu de novidades sobre as maneiras "corretas" de usar a internet. Apesar de serem apresentadas como de "utilidade pública" e, como sempre, carregadas de boas intenções, é preciso questionar seus fins.

O conteúdo de tal etiqueta serve, como o conteúdo de qualquer código que envolva a conduta humana, ao controle social. É certo que o controle faz parte de todas as expressões de vida coletiva, mas essa etiqueta da internet está alinhada ao controle assentado no autoritarismo e não na autoridade (poder consentido). O que nos leva a suspeitar que suas raízes são de tipo totalitário. 


Há indícios que remetem ao desejo totalitarista de sincronizar a vida, mesmo no âmbito privado, aos interesses dos poderosos, dos chefões, dos senhores proprietários e acionistas das grandes corporações. Isto é, querem que a participação dos indivíduos na internet sirva para diluir a separação entre vida privada e a relação empregatícia, não respeitando o limite da condição de empregado, funcionário, servidor etc. diante do direito cidadania. Trata-se  de  uma estratégia de destituir o indivíduo do seu direito de resguardo de vida privada e íntima. Na qual o patrão e a empresa não podem e não devem querem conduzir.

Essa etiqueta da internet (ou netiqueta), em grande medida, está a serviço desse propósito reacionário e contrário a expansão da liberdade, da livre manifestação cidadã. Qual sua prioridade imediata? É defender os interesses corporativos empresariais, mas de um forma dissimulada de promover a ética na internet.


Pois o objetivo (latente) desse suposto refinamento é estender sobre a vida cidadã os regulamentos corporativos, as normas e regras das organizações empresariais de formal integral e total. 
A netiqueta não é uma inovação, mas uma maquilagem das forças contrárias ao potencial  libertário da inventividade humana. É o velho poder dos reacionários conspirando contra a liberdade.  Nesse particular, contra a pluralidade  das livres manifestações produzidas na internet.  











Os lobbies da etiqueta internáutica querem a todo custo defender as marcas, a imagem, a lucratividade das grandes empresas e, de quebra, manter o empregado de sob seu total controle, fazendo com que suas ações fiquem integralmente submetidas aos interesses da empresa.


Desta maneira, o empregado, mesmo fora do serviço, não pode escrever e nem postar aquilo que a empresa julgar comprometedor para sua imagem e não condizente ao seu código interno de conduta. Isso é um ataque frontal à Liberdade, tanto na perspectiva do liberalismo político como na perspectiva democrática.

Trata-se de totalizar o controle e retirar do cidadão sua liberdade pública de contestação. Qual direito tem uma empresa de monitorar o que um funcionário, fora do horário de trabalho, diz nas redes sociais e grupos virtuais? Onde fica o gozo de sua condição de indivíduo livre e de cidadão?

Isso não fere a liberdade do cidadão de se expressar publicamente? Cadê o direito do cidadão de manifestar livremente suas opiniões e convicções?

Essa regra de etiqueta - por mais bem intencionada que possa ser - já nasceu lotando o inferno. Ou dizendo diferente, já trouxe consigo o inferno inimigo da liberdade: o totalitarismo! 

sábado, agosto 06, 2011

“Lençóis Jazz e Blues Festival: Circuito São Luís”




Ithamara koorax, Victor Biglione, Cristina Braga e Milla Camões são as grandes atrações da primeira noite do Lençóis Jazz e Blues Festival:Circuito São Luís
            

"O “Lençóis Jazz e Blues Festival: Circuito São Luís” não será feito só de música. Nos dias 9 e 10 de agosto, as 19h, no teatro Arthur Azevedo, em São Luís, as programações serão abertas com o lançamento da obra “CONFESSO QUE OUVI”, pelo Juiz do Trabalho e jazzófilo, Érico Renato Serra Cordeiro. Na oportunidade o magistrado e professor, apaixonado por música, fará uma sessão de autógrafos de seu novo livro que, repleto de metáforas, envolve o leitor em uma atmosfera poética que resgata o passado em um minucioso trabalho de pesquisa.
Em 396 paginas o autor esclarece inúmeras curiosidades e faz descrições históricas de obras de setenta jazzistas, entre eles os consagrados Duke Ellington, Dave Brubeck, Dizzy Gillespie, Lester Young, Gerry Mulligan, Charles Mingus, Art Blakey e Wynton Marsalis, Benny Golson, Freddie Hubbard, Cannonball Adderley, Jimmy Heath, Bud Powell, Bill Evans e Clark Terry e também de outros artistas não tão famosos como Bernard Wilen, Freddie Redd, Eden Ahbez, Lou Blackburn, Hampton Hawes e a pianista alemã Jutta Hipp. Muitos desses músicos retratados no livro fazem parte da gerações que cultivaram o bebop, o cool jazz e o hard bop nas décadas de 1940 e 1950."

                PROGRAMAÇÃO COMPLETA:


INGRESSOS À VENDA NA AGÊNCIA UIMAR JR TURISMO
 (Avenida Coronel Colares Moreira, Ed. Multimpresarial,  10, São Luís – MA) Fones: (0xx)98 3227-2369 begin_of_the_skype_highlighting)


PROGRAMAÇÃO OFICIAL DO LENÇÓIS  JAZZ E BLUES FESTIVAL:

CIRCUITO SÃO LUÍS:

Local: Teatro Arthur Azevedo
Data: 09 de agosto de 2011       

  • 19:00h- Lançamento do livro: "CONFESSO QUE OUVI",  Juiz do Trabalho e jazzófilo, Érico Renato Serra Cordeiro.
  • 20:00h- Mila Camões e Banda
  • 21:00h- Ithamara Koorax e Victor Biglione
  • 22:00h- Cristina Braga (harpista) e Trio

Data: 10 de agosto de 2011


  • 19:00h- Lançamento do livro: "CONFESSO QUE OUVI",  Juiz do Trabalho e jazzófilo, Érico Renato Serra Cordeiro.
  • 20:00h- Marcelo Carvalho e quarteto
  • 21:00h- Taryn Szpilman e Trio
  • 22:00h-Yamandu Costa

PROGRAMAÇÃO DO CIRCUITO BARREIRINHAS:

LOCAL: GRAN SOLARE LENÇÓIS RESORT

Data: 12 de agosto de 2011

  • 21:00h-Taryn Szpilman e Trio
  • 22:00h- Gilson Peranzetta e Mauro Senise
  • 23:00h- Artur Menezes e Banda


Data: 13 de agosto de 2011

  • 20:30h- Sávio Araujo e Banda
  • 21:30h- Nelson Faria e Ney Conceição
  • 22:30h- Jefferson Gonçalves e Banda
  • 23:30h- Edson Travassos e Banda



Lençóis Jazz e Blues Festival Aberto ao Público:
Data: 14 de agosto de 2011  (aberto ao público)                Local: Beira Rio da Cidade de Barreirinhas
       

Shows de:
  • 17:00h- Robertinho Chinês e Trio
  • 17:45h- Quarteto Cazumbá
  • 18:30h- Andréa Canta e banda          
  • 19:30h- Jair Torres e Trio


PROGRAMAÇÃO DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL:

EM SÃO LUÍS- “Ensaios Fechados”:

Local: Teatro Arthur Azevedo      Horário: 16h as 18h.
Dia 09/08/ 2011:
Mila Camões, Itamara Koorax e Victor Biglione e Cristina Braga;

Dia 10/08/ 2011:                           Horário: 16h as 18h.
Marcelo de Carvalho e quarteto, convidado especial Zé Américo, Taryn Szpilman e Yamandu Costa.

EM BARREIRINHAS:

“OFICINAS MUSICAIS”:
Local: Salão de Convenções do Hotel Gran Solare Lençóis Resort .

Dia 12/08/ 2011:
Horário: 9h as 11h.
·         Oficina de Gaita- ministrada por Jefferson Gonçalves.

Dia 13/08/ 2011:
Horário: 9h as 11h
·         Oficina de sax e flauta- ministrada por Gilson Peranzetta e Mauro Senise


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SERVIÇOS:
I Lençóis Jazz e Blues Festival- Circuito São Luís:
Data: 09 e 10 de agosto de 2011 - Horário: 20:00h
Local: Teatro Arthur Azevedo
Ingressos: R$40,00 (dias 9 ou 10) e R$60,00 (passaporte para os dias 9 e 10)
Locais de venda: nos dias do evento no Teatro Arthur Azevedo e antecipadamente na agência Uimar Jr Turismo (Avenida Coronel Colares Moreira, Ed. Multimpresarial, 10, São Luís – MA) Fones: (0xx)98 3227-2369 begin_of_the_skype_highlighting)  

III Lençóis Jazz e Blues Festival – Circuito Barreirinhas:
Data: 12 e13 de agosto de 2011 - Horário: 21:00h
Local: Gran Solare Lençóis Resort- Lençóis Maranhenses, Estrada de São Domingos, s/nº, Povoado Boa Vista, Barreirinhas/MA, Tel.: (55 98) 3349-6000 E-mail:reservas.lencois@gruposolare.com.br
(http://www.gruposolare.com.br)
Ingressos: R$40,00 (dias 9 ou 10) e R$60,00 (passaporte para os dias 9 e 10)
Locais de venda: nos dias do evento no Gran Solare Lençóis Resort e, antecipadamente, na agência Uimar Jr Turismo (Avenida Coronel Colares Moreira, Ed.Multiempresarial, 10, São Luís – MA) Fones: (0xx)98 3227-2369  begin_of_the_skype_highlighting / 98 3227-2369)  
Data: 14 de agosto de 2011 - Horário: 17:00h  (ABERTO AO PÚBLICO) Local: Av. Beira Rio (às margens do rio Preguiças, em  Barreirinhas.

REALIZAÇÃO: Tutuca Viana Produções       APRESENTAÇÃO: Rede ICEP

INFORMAÇÕES:
Equipe de Produção- Tutuca-9976-3087- tutucaviana@yahoo.com.br
Ivaldo Guimarães-8722-5541 - ivaldo_guimaraes@yahoo.com.br

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